Nascido em 1941, o piracicabano tornou-se este ano um austríaco de sobrenome quase impronunciável para nós brasileiros: Detweiler. Mas só o nome do personagem é assim duro. Tio Max é um amigo dos Von Trapp, um bon vivant que gosta de viver rodeado de gente rica. Em busca de sucesso, convence o capitão a deixar que ele inscreva seus filhos para cantarem no Festival de Salzburg. O pai e sua nova esposa, a ex-noviça Maria, acabam participando da apresentação, que distrai os soldados alemães e permite a fuga dos Von Trapp. “No fim, Max se redime da futilidade e salva a família dos nazistas”, disse o próprio Francarlos.
No final da carreira de quase 40 anos e 69 peças, o ator não se redimiu como Tio Max, mas se rendeu. Rendeu-se aos musicais. Os cinco primeiros trabalhos de Francarlos foram do gênero, começando por Hair, em 1970. Seguiu como ator e diretor de teatro e atuou também na TV e no cinema. Só em 2007, voltou a fazer algo que adorava: cantar e dançar. Integrou o elenco de My Fair Lady, West Side Story e da versão paulistana de A Noviça Rebelde.
A peça ficou em cartaz por nove meses no Rio e teve mais de 190 mil espectadores. O sucesso vem se repetindo desde a estréia
Canções e romantismo à parte, no mundo capitalista, a morte de um dos atores não pode parar uma superprodução de 10 milhões de reais. The show must go on e, no dia seguinte ao falecimento, as crianças Von Trapp já tinham outro Tio Max: o substituto Dudu Sandroni.
Apesar de dramático, um fim como este não é nada triste, mas sim, a sorte que qualquer mortal deseja. Um lindo dia, Francarlos Reis morreu; sem sofrimento e fazendo o que mais gostava. “So long, adeus, Auf wiedersehn, good bye.”