10 October 2006

Sábias palavras de Arnaldo Jabor

Ser ou não ser de ninguém?

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também". No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas que quer que alguém seja seu.
Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois? Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde "toda ação tem uma reação". Agir como tribalista tem consequências, boas e ruins, como tudo na vida. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.
Embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram. Ficar, também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo. Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada. Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança?
A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.
Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar.
Já dizia o poeta que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi passada nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão. O número avassalador de divórcios nos últimos tempos, só veio a confirmar essa tese e aqueles que se divorciaram ( pais e mães dos adeptos do tribalismo), vendem na maioria das vezes a idéia de que casar é um péssimo negócio e que uma relação sólida é sinônimo de frustrações futuras. Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição.
No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em que nossos pais viveram. Hoje podemos optar com maior liberdade e não somos mais obrigados a "comer sal junto até morrer". Não se trata de responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam. A questão não é causal, mas quem sabe correlacional.
Podemos aprender amar nos relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optarmos. E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins.
Ser de todo mundo, não ser de ninguém, é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida solidão.

31 August 2006

Vida dupla

É estranha essa sensação de ter duas vidas, em duas cidades, com duas casas... Onde já se viu ter que trazer roupas para sua própria casa? E seu quarto já não é mais o mesmo, parece agora meio vazio... E assim parece sua vida também...
Na sua nova vida falta ainda a família e a segurança dos velhos amigos, falta a comidinha de casa, a TV a cabo, um carro que te conduza... Na sua velha vida falta a independência, os novos amigos, todo o tempo que a faculdade ocupa...
Na sua nova cidade ainda não sente que sua vida é totalmente lá... Mas também sente-se um tanto quanto perdida quando volta à casa dos pais, sua vida não é mais ali...
Quando está em sua atribulada nova vida, sente saudade da velha... Na velha e pacata vida sente falta da nova e agitada...
Até quando vai durar esse sentimento? Será que sempre estarei perdida em meio à minha vida dupla?

29 August 2006

Protótipo de uma jornalista aos 14 anos

A Alegria de viver (2002)

O ser humano é um ser complexo
Uma criatura única
Seu ciclo de vida não se resume
A nascer, crescer, reproduzir-se e morrer
Seu trajeto é muito mais difícil
Ele precisa amar, encontar seu lugar, seu objetivo de vida.

Alguns encontram sua alma gêmea, formam uma família
Outros passam a vida sozinhos,
Às vezes por escolha própria,
Às vezes por falta de opção.

Suas emoções podem não ter explicação,
Ele pode corar sem motivo ou rir à toa.
Mas por que será que um simples gesto
De ajudar alguém, um ato de solidariedade,
Pode dar uma satisfação,
Uma alegria imensa dentro de nós?
Talvez seja essa a função do ser humano na Terra:
Seguir seu caminho e ajudar os outros.

É importante aproveitarmos cada momento,
Cada segundo de nossas vidas,
Pois cada momento é breve
E a vida mais breve ainda.

Cada coisa deve ser feita com dedicação intensa
Para que nos dê motivo de orgulho e
Não de arrependimento
Devemos plantar nossos frutos,
Para que quando nosso ciclo de vida na Terra chegar ao fim,
Nossas obras fiquem guardadas
Na lembrança de quem amamos
E sejam admiradas
Para que assim
Deixemos a Terra
Com a sensação de missão cumprida.

Por mais difícil que possa ser,
Encontre a paz
Não só com os outros,
Mas também dentro de você mesmo.

Ame e se deixe ser amado,
Sorria e faça alguém sorrir,
Chore e ajude alguém que chora,
Cresça e faça alguém crescer.

Sorria pelo menos uma vez ao dia,
Se apaixone,
Plante uma árvore,
Faça uma boa ação de vez em quando,
Agradeça todo dia por tudo o que tem.

Faça com que os momentos de alegria prevaleçam,
Faça com que você seja lembrado com lágrimas,
Mas não lágrimas de tristeza
E sim, lágrimas de alegria.

Se deixe viver,
Sem medo,
Dê asas à sua imaginação,
Se deixe livre para voar.
O mais impoirtante:
Seja e faça os outros felizes!